Hoje saí do Centro de Inovação do Jaraguá com o coração transbordando de orgulho e emoção. Recebi a notícia de que a Weni—antiga IlhaSoft—foi vendida ainda em 2024 para a VTEX, em uma operação milionária, um marco incontestável para o ecossistema de inovação de Alagoas. Mais de dez anos se passaram desde que apostamos nessas ideias promissoras, mas a verdade é que, para o nosso estado, esse intervalo de tempo é apenas mais um capítulo de uma trajetória de superação coletiva.
Quando assumi o desafio de liderar a Secretaria de Estado de Ciência, Tecnologia e Inovação, acreditava, com convicção, que poderíamos mudar o jogo em Alagoas. Muitos diziam que seria impossível ver nascer, em um ambiente ainda pouco estruturado, empresas capazes de competir no mercado nacional e, por que não, no mercado global. Mas eu sempre gosto de dizer que, com ousadia e espírito de colaboração, nascem os grandes projetos de alto impacto.
Foi assim que, em meio a toda a complexidade de desenvolver um ecossistema que já tinha algo construído por outros atores quando cheguei, vi surgirem iniciativas como a IlhaSoft (hoje Weni by VTEX), a Hand Talk, a Traktor, a Stant e muitas outras, que cravaram de vez o nome de Alagoas no mapa da inovação. Parecia impossível, mas as sementes estavam lá: talento local, vontade de aprender, espírito empreendedor. Só faltava um terreno fértil para germinar. E esse terreno foi construído com muito trabalho, parcerias e uma dose generosa de perseverança.
Projetos Complexos de Alto Impacto: minha aposta em um “ecossistema improvável”
Eu sempre acreditei que projetos complexos e de grande impacto são fruto de conexões corajosas: conectar governo, iniciativa privada, universidade, empreendedores e a comunidade como um todo. No caso do ecossistema de inovação alagoano, arrisco dizer que a complexidade foi ainda maior, pois partíamos de uma realidade regional pouco lembrada quando o assunto era tecnologia e startups. Mesmo assim, o sonho persistiu—e se transformou em metas, planos e ações concretas.
Para quem não acompanhou de perto, posso garantir: não foi fácil. Mas foram esses desafios que tornaram tudo ainda mais estimulante. Afinal, minha missão sempre foi provar que, com organização, coragem e visão de longo prazo, projetos gigantes se viabilizam. E a venda da Weni para a VTEX e da HandTalk para o grupo Sorenson simboliza exatamente isso: a capacidade de transformar sonhos em resultados palpáveis.
A construção de três polos tecnológicos, entre eles o Centro de Inovação de Alagoas e o grande visão de apostar no ecossistema de startups locais, a aplicação da metodologia, gerou um resultado improvável, para um Estado como Alagoas. Além da Weni e HandTalk, Traktor e Stant cresceram e seguem suas jornadas. Paulo Tenório, Leandro Neves, Carlos Wanderlan, Ronaldo Tenório, Tadeu Luz e Tony Celestino- que brilhou no G4 Educação – e seus times estavam ainda iniciando suas trajetórias profissionais e foram decisivos para déssemos juntos ‘o grande salto’ do Ecossistema Alagoano de Inovação de Alagoas. Neste período, nosso ecossistema teve uma visibilidade nacional incomum, graças a minha visão estruturada de ecossistema e ação articulada que envolvia uma Comunicação Estratégica. Na imagem abaixo, um dos slides que apresentei na minha Palestra TEDx em 2016, mostrando uma parte do que saia na mídia nacional nesse período. Não foi pouca coisa. Foi uma grande mobilização coletiva que repercutiu nacionalmente.

O que aconteceu na mídia nacional entre 2011 e 2014.Uma conquista de todos
Não faço parte do quadro societário da Weni e de nenhuma outra startup nascida nesse período, não sou eu quem assina contratos ou fecha grandes aquisições, nem muito menos vive o dia-a-dia desse time. Mas a sensação de orgulho que sinto hoje é real, quase palpável, porque reflete a vitória de um ecossistema que ajudei a plantar. Um ecossistema forjado sob a convicção de que Alagoas pode, sim, ser protagonista em inovação.
Mais do que nunca, sinto que valeu a pena cada momento de incerteza, cada noite mal dormida, cada plano refeito e cada parceria costurada. É a prova de que a combinação de criatividade, persistência e gestão eficiente pode criar um ambiente propício para que startups floresçam e alcancem novos patamares.
De coração aberto para o futuro
Enquanto eu caminhava hoje pelo Centro de Inovação do Jaraguá, lembrei de tantos rostos, tantas reuniões e desafios que vivemos nesses anos. Passou pela minha mente o filme completo: do sonho inicial até as primeiras vitórias e os inevitáveis tropeços. E agora, ao ver mais essa conquista brilhando no horizonte, sinto que Alagoas ganhou asas de vez.
Não se trata apenas de uma startup vendida a uma grande empresa; trata-se de esperança. Trata-se de mostrar para as próximas gerações que acreditar em projetos de alto impacto em Alagoas não é loucura: é realidade. E, se depender de mim, continuarei fomentando, apoiando e celebrando cada passo rumo ao nosso desenvolvimento tecnológico e social.
Portanto, que esse marco fique registrado como mais um capítulo emocionante na história de um estado que ousou sonhar. E que venham mais projetos, mais investimentos e mais sonhadores dispostos a construir o improvável. Se tem algo que aprendi nessa jornada é que quando a gente une propósito, visão e energia, o impossível se torna apenas mais um desafio a ser superado.
Voa, Alagoas! O futuro é logo ali.